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Our Great Adventure
Acordamos ainda de noite, e foi unânime o não termos dormido bem.
Conduzimos cerca de 20 min até ao Kekhetahi? Carpark. Uma estradinha
apertada levou-nos ao local onde já estavam alguns outros carros à
espera. Depois de chegarmos muitos outros apareceram e o parque
tornou-se pequeno para todos os que iam caminhar e que provavelmente
esperaram também uma semana inteira pelo bom tempo. Os primeiros
autocarros começaram a chegar por volta das 6h15, e 15
min depois o nosso transporte apareceu para nos levar ao ponto de
partida. Quase meia hora de caminho separava as duas pontas do walking
track. Na partida, começavam já os primeiros raios de luz a aparecer no
céu. Aviei-me no toilet, como de costume, pois poderia não haver mais
sítio para isso na continuação do caminho. Avistamos a placa dos 0km e
sorrimos, ainda faltavam 20! A primeira parte do caminho era plana.
Havia um passadiço de madeira e era ver os "peregrinos" a conversar e a
tirar fotos alegremente. Estava frio, mesmo muito. Tinhamo-nos preparado
o melhor possível, com três camadas de roupa, dois pares de meias,
cachecol e gorro que por um acaso tínhamos na mala. Só falhavam as mãos.
Não tínhamos luvas e iamo-nos arrepender disso horas mais tarde. A
nosso lado ia uma australiana de Victoria mais velha chamada Kate.
Ia-nos tirando fotos ao longo do caminho:) o seu marido tinha sido
operado à pouco pelo que não pode fazer o Tongariro com ela. A filha da
?Kate esteve a estudar em Santander e convidou os pais a fazer o caminho
de Santiago, pedido a que eles tinham acedido e verdadeiros fãs de
caminhadas, Apesar de não ter assim tanta idade, passava o tempo todo a
tropeçar nas pedras do caminho, e nem o walking stick ajudava. Ao
fim de uma hora, cerca de 3km, apareceram novas casas-de-banho e então
vimos a Devils stair. Agora sim ia começar o caminho a sério. Os degraus
apesar de correctamente cravados no chão, faziam os caminhantes começar
a abrandar o ritmo, as conversas diminuíram de tom, e tudo pareceu mais
sério. Subimos, subimos, subimos, até o sol aparecer no céu e o suor
nos obrigar a tirar uma camada de roupa. Ao fundo víamos já o Mount Ngauruhoe Aka Mount Doom carregadinho de neve. Apesar de também haver
caminhos para lá, estavam vedados por causa dessa mesma neve, que
tornava a sua subida perigosa.A planície por onde passamos de
seguida não deixava antever o que viria de seguida. O mount Doom à
direita e uma grande cratera com algum gelo à esquerda. O ar começava a
gelar ainda mais e havia tufos de gelo pelo chão à medida que
avançávamos. No final da recta interminável, chegou a parede. Uma
corrente metálica auxiliava na subida devido ao intenso gelo no chão. As
minhas mãos gelaram pela primeira vez naquela manhã e eu desejei ter
umas luvas. Depois da corrente veio o corrimão. O monte Doom ficava já
para trás mas visto do alto. A subida estava longe de terminar. Nesta
altura estava preocupada em não escorregar no gelo e me espatifar de
uma altura considerável. O Ricardo vinha atrás de mim sempre a
fotografar e a Kate estava já muito mais para trás, fora do meu campo de
visão. O céu estava tão tão limpo que nós só pensávamos no bem que tínhamos feito em esperar toda uma semana em Napier.Quando
finalmente chegamos ao topo, o frio tornou-se impossível de aguentar,
um vento gelado cortava as mãos e os lábios, arrefecia o nariz. A
paisagem era fenomenal, o lago Taupo via-se ao fundo, outras montanhas
ainda maiores e com neve eram visíveis. Uma placa apontava 9km para
trás, e ainda 10 adiante. A subida ao Tongariro era feita a partir
daquele ponto, mas achamos não ser necessário sair da rota para fazer
mais hora e meia de caminho. Aquele vento gélido obrigou-nos a avançar
rápido. Na nossa frente estava a descida mais vertinosa possível, e
coberta de gelo e neve. As sapatilhas não ajudavam e escorregar estava
na ordem do dia. Havia quem corresse à doida pela ribanceira abaixo. Os
mais cautelosos como eu, desciam à caranguejo, com as mãos na neve. Aqui
pensei que me iam cair as mãos de tão geladas. Depois de não sentir
nada, vieram as dores, como se as tivesse queimado no fogão.Nem
apreciei bem a vista dos Lagos Esmeralda e Azul. Um fuminho quente saía
da terra e aproveitei para aquecer as mãos um pouco. O cheiro a enxofre
era já bastante intenso neste ponto. Paramos para almoçar junto aos
lagos Esmeralda. Era possível perceber já a cratera vermelha que
tínhamos acabado de descer e era monstruosa. O nosso almoço, constituído
de massa, fruta e gelatina foi por volta das 11h da manhã, cerca de 4h
depois de termos começado a caminhar. Muitos outros seguiram o nosso
exemplo para parar também. Enquanto sentados contemplávamos os
caminheiros em direcção ao lago azul. Parecia perto mas não era. O
caminho voltou a ficar um pouco mais íngreme a caminho do lago azul. Só
aí tivemos a percepção do tamanho das crateras anteriores e paramos para
pensar bem onde nós tínhamos ido meter. Se algum daqueles vulcões
resolvesse entrar em erupção naquele momento estávamos tramados.Tal
não aconteceu evidentemente, e ao deixar o lago azul para trás
começamos a entrar em zona vulcânica activa, o lago Taupo voltou a
aparecer no nosso horizonte e a paisagem começou a mudar. O terreno
começou a descer para não voltar a subir. As curvas contra curvas
deixavam ver o fumo que saía do vulcão privado activo. Vimos corajosos
que faziam o caminho no sentido inverso, vimos também uma família com um
bebé às costas. Andar ao contrário é muito mais masoquista, as subidas
são extremamente acentuadas! A meio da descida, e porque descer também
cansa vimos um abrigo com WC onde paramos para descansar. A Kate
apareceu logo de seguida e ainda trocamos uns dedos de conversa. As
minhas banana chips ainda estavam a durar e eram muito boas. A
última fase do caminho e que demorou quase duas horas, foi já no meio
do Bush. Também tinha a sua beleza, se bem que para nós não foi uma
Surpresa, pois já tínhamos visto florestas tropicais no ano anterior em
Victoria.Atravessamos riachos, descemos intensamente durante
mais duas horas, sempre cobertos pelos arbustos. Não voltaríamos a ver o
sol até terminar a caminhada. Foi ao fim de 7h32min que cheguei ao
Kekhetahi carpark exausta mas muito feliz por ter feito a caminhada da
minha vida. Alongamos, e 10 min mais tarde chegou a Kate. Despedimo-nos
dela e seguimos para Turangi, nessa noite tínhamos de dormir numa cama,
tal era o cansaço. O hostel era acolhedor e o Ian o nosso
anfitrião pôs-nos logo à vontade. Após um banho quentinho, Passamos no
supermercado para comprar o jantar, cozinhamos td com os utensílios da
cozinha e ainda paramos na sala, sentados no sofá junto à lareira. Os
backpackers chegaram mais tarde e estragaram o sossego. Restou-nos ir
para a cama bem cedo e dormir pesado após tanto esforço.
Conduzimos cerca de 20 min até ao Kekhetahi? Carpark. Uma estradinha
apertada levou-nos ao local onde já estavam alguns outros carros à
espera. Depois de chegarmos muitos outros apareceram e o parque
tornou-se pequeno para todos os que iam caminhar e que provavelmente
esperaram também uma semana inteira pelo bom tempo. Os primeiros
autocarros começaram a chegar por volta das 6h15, e 15
min depois o nosso transporte apareceu para nos levar ao ponto de
partida. Quase meia hora de caminho separava as duas pontas do walking
track. Na partida, começavam já os primeiros raios de luz a aparecer no
céu. Aviei-me no toilet, como de costume, pois poderia não haver mais
sítio para isso na continuação do caminho. Avistamos a placa dos 0km e
sorrimos, ainda faltavam 20! A primeira parte do caminho era plana.
Havia um passadiço de madeira e era ver os "peregrinos" a conversar e a
tirar fotos alegremente. Estava frio, mesmo muito. Tinhamo-nos preparado
o melhor possível, com três camadas de roupa, dois pares de meias,
cachecol e gorro que por um acaso tínhamos na mala. Só falhavam as mãos.
Não tínhamos luvas e iamo-nos arrepender disso horas mais tarde. A
nosso lado ia uma australiana de Victoria mais velha chamada Kate.
Ia-nos tirando fotos ao longo do caminho:) o seu marido tinha sido
operado à pouco pelo que não pode fazer o Tongariro com ela. A filha da
?Kate esteve a estudar em Santander e convidou os pais a fazer o caminho
de Santiago, pedido a que eles tinham acedido e verdadeiros fãs de
caminhadas, Apesar de não ter assim tanta idade, passava o tempo todo a
tropeçar nas pedras do caminho, e nem o walking stick ajudava. Ao
fim de uma hora, cerca de 3km, apareceram novas casas-de-banho e então
vimos a Devils stair. Agora sim ia começar o caminho a sério. Os degraus
apesar de correctamente cravados no chão, faziam os caminhantes começar
a abrandar o ritmo, as conversas diminuíram de tom, e tudo pareceu mais
sério. Subimos, subimos, subimos, até o sol aparecer no céu e o suor
nos obrigar a tirar uma camada de roupa. Ao fundo víamos já o Mount Ngauruhoe Aka Mount Doom carregadinho de neve. Apesar de também haver
caminhos para lá, estavam vedados por causa dessa mesma neve, que
tornava a sua subida perigosa.A planície por onde passamos de
seguida não deixava antever o que viria de seguida. O mount Doom à
direita e uma grande cratera com algum gelo à esquerda. O ar começava a
gelar ainda mais e havia tufos de gelo pelo chão à medida que
avançávamos. No final da recta interminável, chegou a parede. Uma
corrente metálica auxiliava na subida devido ao intenso gelo no chão. As
minhas mãos gelaram pela primeira vez naquela manhã e eu desejei ter
umas luvas. Depois da corrente veio o corrimão. O monte Doom ficava já
para trás mas visto do alto. A subida estava longe de terminar. Nesta
altura estava preocupada em não escorregar no gelo e me espatifar de
uma altura considerável. O Ricardo vinha atrás de mim sempre a
fotografar e a Kate estava já muito mais para trás, fora do meu campo de
visão. O céu estava tão tão limpo que nós só pensávamos no bem que tínhamos feito em esperar toda uma semana em Napier.Quando
finalmente chegamos ao topo, o frio tornou-se impossível de aguentar,
um vento gelado cortava as mãos e os lábios, arrefecia o nariz. A
paisagem era fenomenal, o lago Taupo via-se ao fundo, outras montanhas
ainda maiores e com neve eram visíveis. Uma placa apontava 9km para
trás, e ainda 10 adiante. A subida ao Tongariro era feita a partir
daquele ponto, mas achamos não ser necessário sair da rota para fazer
mais hora e meia de caminho. Aquele vento gélido obrigou-nos a avançar
rápido. Na nossa frente estava a descida mais vertinosa possível, e
coberta de gelo e neve. As sapatilhas não ajudavam e escorregar estava
na ordem do dia. Havia quem corresse à doida pela ribanceira abaixo. Os
mais cautelosos como eu, desciam à caranguejo, com as mãos na neve. Aqui
pensei que me iam cair as mãos de tão geladas. Depois de não sentir
nada, vieram as dores, como se as tivesse queimado no fogão.Nem
apreciei bem a vista dos Lagos Esmeralda e Azul. Um fuminho quente saía
da terra e aproveitei para aquecer as mãos um pouco. O cheiro a enxofre
era já bastante intenso neste ponto. Paramos para almoçar junto aos
lagos Esmeralda. Era possível perceber já a cratera vermelha que
tínhamos acabado de descer e era monstruosa. O nosso almoço, constituído
de massa, fruta e gelatina foi por volta das 11h da manhã, cerca de 4h
depois de termos começado a caminhar. Muitos outros seguiram o nosso
exemplo para parar também. Enquanto sentados contemplávamos os
caminheiros em direcção ao lago azul. Parecia perto mas não era. O
caminho voltou a ficar um pouco mais íngreme a caminho do lago azul. Só
aí tivemos a percepção do tamanho das crateras anteriores e paramos para
pensar bem onde nós tínhamos ido meter. Se algum daqueles vulcões
resolvesse entrar em erupção naquele momento estávamos tramados.Tal
não aconteceu evidentemente, e ao deixar o lago azul para trás
começamos a entrar em zona vulcânica activa, o lago Taupo voltou a
aparecer no nosso horizonte e a paisagem começou a mudar. O terreno
começou a descer para não voltar a subir. As curvas contra curvas
deixavam ver o fumo que saía do vulcão privado activo. Vimos corajosos
que faziam o caminho no sentido inverso, vimos também uma família com um
bebé às costas. Andar ao contrário é muito mais masoquista, as subidas
são extremamente acentuadas! A meio da descida, e porque descer também
cansa vimos um abrigo com WC onde paramos para descansar. A Kate
apareceu logo de seguida e ainda trocamos uns dedos de conversa. As
minhas banana chips ainda estavam a durar e eram muito boas. A
última fase do caminho e que demorou quase duas horas, foi já no meio
do Bush. Também tinha a sua beleza, se bem que para nós não foi uma
Surpresa, pois já tínhamos visto florestas tropicais no ano anterior em
Victoria.Atravessamos riachos, descemos intensamente durante
mais duas horas, sempre cobertos pelos arbustos. Não voltaríamos a ver o
sol até terminar a caminhada. Foi ao fim de 7h32min que cheguei ao
Kekhetahi carpark exausta mas muito feliz por ter feito a caminhada da
minha vida. Alongamos, e 10 min mais tarde chegou a Kate. Despedimo-nos
dela e seguimos para Turangi, nessa noite tínhamos de dormir numa cama,
tal era o cansaço. O hostel era acolhedor e o Ian o nosso
anfitrião pôs-nos logo à vontade. Após um banho quentinho, Passamos no
supermercado para comprar o jantar, cozinhamos td com os utensílios da
cozinha e ainda paramos na sala, sentados no sofá junto à lareira. Os
backpackers chegaram mais tarde e estragaram o sossego. Restou-nos ir
para a cama bem cedo e dormir pesado após tanto esforço.
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